sábado

A culpa é do espetáculo do crescimento

Depois de nove meses de uma incauta e temerária gestação do caos aéreo, a crise se agravou. O Planalto, desgovernado como uma aeronave nos céus do Brasil, transmite sinais tão desencontrados quanto um aparelho de monitoramento de vôo defeituoso. Primeiro a Ministra do Turismo, Marta Suplicy, aconselha um extemporâneo “relaxa e goza” aos passageiros da agonia, depois o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, vem dizer que o problema é "fruto da prosperidade do país", agora o Comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, ao invés de indicar a desmilitarização do setor, como parecia já estar decidido, anuncia justamente o contrário.

Em seu pronunciamento oficial, o Brigadeiro Saito decreta o “afastamento imediato das lideranças negativas que atuavam no CINDACTA I” e aponta uma maior militarização do sistema como a saída do imbróglio. Para demonstrar pulso firme na queda-de-braço com os controladores de vôo, o governo resolveu lançar à prisão uma dessas "lideranças negativas", por conta de uma entrevista concedida à rádio CBN, trazendo à tona métodos típicos do período de exceção.

Com o descontrole das aeronaves, das autoridades e do autoritarismo, nossa imagem lá fora, às vésperas dos Jogos Pan-americanos, só não está mais arranhada porque todos sabem que este arremedo de democracia chamado Brasil não é um país sério. Ou então a culpa é mesmo do espetáculo do crescimento, nesse circo de domadores e palhaços, onde o avanço da roubalheira é gigante e o do PIB é anão.

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