sábado

Sugestão para o nó aéreo

Para desfazer o nó da aviação brasileira, talvez bastasse eliminar os privilégios concedidos às chamadas very important persons. Nos aeroportos, enquanto centenas de passageiros se espremem nas filas ou dormem no chão, em condições precárias, as salas vips oferecem ambientes confortáveis, exclusivos para pessoas muito importantes.

No Aeroporto de Brasília, os deputados federais, por exemplo, têm à disposição uma sala com serviço de copa, ar-condicionado, sofá, televisão, computador, várias linhas telefônicas e seis funcionários, para providenciar as mais diversas mordomias, além de fazer check-in ou despachar bagagens, tudo pago, evidentemente, com dinheiro público.

Também senadores, ministros e outros grupos políticos possuem suas salas vips, as quais, curiosamente, são muito pouco utilizadas, uma vez que as autoridades quase nunca necessitam permanecer muito tempo nos aeroportos.

Vai aqui a sugestão de uma ampla reforma na arquitetura dos aeroportos. Por que não transformar todo o interior da estrutura num enorme salão vip ? Bastava derrubar as paredes, distribuir as benesses e fazer todas as pessoas se sentirem muito importantes.

Sandy e Junior vão mesmo se separar

A delicada cirurgia será realizada ainda este ano.

Âncora tritura Paris Hilton



Mika Brzezinski, co-apresentadora do noticiário Morning Joe, da MSNBC, recusou-se a ler uma nota sobre a socialite Paris Hilton com o programa no ar. Primeiro tentou atear fogo no script, com um isqueiro, ao vivo na televisão. Contida por um colega, ao invés de queimar, rasgou e amassou o papel com o roteiro, logo substituído por uma cópia.
Em protesto por ser obrigada a ler a nota sobre a libertação de Hilton antes de notícias sobre a guerra no Iraque, Mika levantou-se e introduziu o script, decididamente, numa máquina de fragmentar papel. “Não acredito na cobertura deste evento ... como principal notícia do programa”, declarou a apresentadora.

O protesto de Mika Brzezinski foi parar no YouTube. Obviamente, muitos vão dizer que o episódio foi combinado. Isso não importa. Mesmo que seja apenas uma peça de marketing viral, o que conta é o simbolismo da atitude de uma profissional recusando participar do processo de mitificação de um falso ídolo, dourado por fora e oco por dentro, enquanto as notícias mais relevantes são deixadas em segundo plano. Ainda que seja pura propaganda, vale a pena passar adiante o vírus do inconformismo.

sexta-feira

A energia nuclear é uma bomba

Lata Velha reformada no Caldeirão do Rio

A evolução histérica, digo, histórica do Caveirão

Conforme o veículo, utilizado pela polícia para "operações especiais", vai sendo “aperfeiçoado”, o poder de fogo dos traficantes também vai aumentando, com armamento cada vez mais pesado, capaz de perfurar blindagens cada vez mais poderosas.

Enquanto isso, o povo favelado, marginalizado e oprimido, que só recebe a visita do Estado através do Caveirão, é posto na linha de tiro, e quem mais lucra com essa estúpida corrida bélica é a florescente indústria de armas e "segurança".



Paladino – Antigo veículo blindado do Batalhão de Polícia de Choque da PMERJ, utilizado para o controle de distúrbios civis. Sem eufemismos, era uma espécie de carro-forte que servia à repressão na ditadura militar.

Paladino reformado – O Paladino velho de guerra recebeu pintura nova e continuou atuando, juntamente com o Caveirão. Depois de apresentar problemas no mecanismo hidráulico da
porta, acabou sendo aposentado em 2005.


Caveirão de hoje – Alguns especialistas preferem o desenho do Paladino, mas o Caveirão é mais confortável (para quem está do lado de dentro, é claro). Equipado com torre e outros apetrechos bem bacanas, ele sobe favela e dá tiro pra todo lado.


Caveirão dos sonhos – O sonho da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro parece ser encomendar o Gila, veículo 4x4 com casco em forma de V. O pesadelo é fabricado na África do Sul, país que tem bastante know-how em matéria de repressão.



Caveirão de amanhã – Como diz aquele conhecido ditado, no futuro, adeus pertences, mas provavelmente será um super-tanque, hiper-blindado e mega-equipado, que andará sempre em comboio, pronto para esmagar qualquer perigo.

quinta-feira

A guerra do tráfico e o tráfico da guerra

Fotografia de Fabio Motta/AE
Pelo menos 19 pessoas, suspeitas de serem traficantes de drogas, foram sumariamente julgadas, condenadas e executadas na mega-operação “cirúrgica”, que envolveu mais de mil policiais no Rio. Se eram ou não "bandidos", se representavam ou não um real perigo à sociedade, jamais saberemos. Como diz a conhecida frase do senador norte-americano Hiram Jonhson: “Quando começa a guerra, a primeira vítima é a verdade.”

Ou, como diz o premiado jornalista australiano Phillip Knightley, também a respeito da guerra: “Para conquistar a opinião pública pela mídia, os governos e seus marqueteiros seguem ... um padrão, deprimentemente previsível.” No primeiro estágio, fazem a guerra parecer ‘inevitável’. No segundo, “demonizam o líder inimigo”. Na terceira etapa, "estendem esse processo aos inimigos como indivíduos” e no quarto estágio, divulgam “relatos de atrocidades.”

Nesta nossa guerra santa contra o tráfico de drogas, embora a mídia não esteja submetida a uma censura direta, repete em uníssono a mesma ladainha. A guerra é inevitável, a droga é um demônio, os traficantes são diabólicos, os crimes são hediondos. Claro que na espiral caótica em que vamos girando, tudo isso parece a mais absoluta verdade. Mas não é a verdade absoluta.
Por trás da violência, há muito mais do que imagina nossa vã filosofia. Há uma indústria absurda e milionária, que lucra com a segurança privada, enriquece com a blindagem de automóveis e faz fortuna traficando guerra sob o império do terror.

quarta-feira

Bush diz que Blair é maior que um poodle

“Eu ouvi dizer que ele está sendo chamado de meu poodle, mas ele é maior que isso”, declarou o presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, em entrevista exclusiva ao tablóide britânico The Sun, realizada em 16 de maio na Casa Branca.


Testemunhas dizem que Blair foi logo abanando o rabinho, todo satisfeito.

terça-feira

Mundo em Revista adverte: censurar pode fazer mal à saúde

Muitos daqueles que hoje defendem um maior controle da mídia, principalmente da programação dos canais abertos de televisão, ignoram os malefícios da censura. É certo que, na busca desenfreada pelo aumento da audiência, grande parte das emissoras de TV usa e abusa de sexo e violência na programação. Porém, é preferível engolir ocasionais excessos a ter de provar, mesmo em pequena dose, o remédio indigesto da censura.

Dar esse poder ao Estado equivale a contratar Herodes para cuidar das crianças. Sob o capuz de defensor da moral e dos bons costumes, o censor torna-se uma besta tragicômica, como na época da ditadura militar. Entre diversos casos de artistas cujos trabalhos foram censurados, o mais pitoresco e inverossímil (provavelmente apenas uma boa piada) é o que teria envolvido Chico Anysio.

Diz a lenda que, ao ver cortado um pedaço de um dos mais famosos poemas de Castro Alves, O Navio Negreiro, que havia incluído em uma peça, o grande humorista, criador de tipos inesquecíveis, quis saber o motivo da amputação. No célebre trecho: Auriverde pendão da minha terra/ Que a brisa do Brasil beija e balança/ Estandarte que a luz do sol encerra/ E as promessas divinas da esperança... , o segundo verso inteiro tinha sofrido a ação da tesoura. Mais absurdo que o crime, seria a explicação do censor: “uma coisa que beija e balança não pode ser um troço decente.”

Chico Buarque, cujas composições eram muito visadas pelos censores, teve de adotar o heterônimo de Julinho da Adelaide para livrar Acorda Amor, Jorge Maravilha e Milagre Brasileiro, do famigerado Departamento de Censura Federal. Em 1974, Julinho chegou inclusive a ser entrevistado pelo jornalista Mário Prata.

Publicada no jornal Última Hora, sob o título - O Samba Duplex e Pragmático de Julinho da Adelaide - a hilária entrevista pode ser lida, na íntegra, na seção Sanatório Geral do site de Chico Buarque. Ali são revelados detalhes importantes sobre a vida de “Julio Cesar Botelho de Oliveira”, como o fato de possuir duas feias cicatrizes no rosto, razão pela qual não permitia ser fotografado, a não ser de costas. Um drible de mestre na censura.

segunda-feira

Cicarelli censura YouTube

Cicarelli e YouTube não são apenas duas palavras-chave comuns na Internet, são tags poderosas, capazes de atrair audiência e produzir grande efeito. Claro que depois da comoção causada pelo célebre vídeo protagonizado por Daniela Cicarelli e seu namorado, Tato Malzoni, quando muitos blogs e sites anônimos subiram feito foguete ao céu da fama e do sucesso, a fórmula ficou consagrada. Para espantar o fantasma da baixa visitação, bastava adicionar o vídeo e repetir as palavras mágicas, Cicarelli e YouTube, várias vezes no post.

Tudo ía muito bem até que uma terceira tag entrou na história. Aí ficou melhor ainda. Justo num momento em que a privacidade da Cicarelli já havia atingido o clímax, quando o pico (ops) da audiência já estava broxando, naquele ponto em que a onda começa a perder a potência e vazar, a Justiça decidiu bloquear o YouTube, provocando outra tsunami na Web. O YouTube censurado não era só um inconcebível ataque à liberdade de expressão, era a onda sucessiva, o duplo tubo perfeito que os surfistas vivem esperando aparecer na praia.

A liberdade de expressão é, sem dúvida, um dos maiores patrimônios de uma sociedade democrática. O artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz textualmente: “Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.”

Liberdade de expressão, no entanto, não é um direito ilimitado. A Justiça geralmente tem salvaguardas para proteger o indivíduo contra a difamação, calúnia ou injúria, por exemplo. Cicarelli e Malzoni entraram com ações na Justiça pedindo indenização por danos morais e a proibição para exibir o vídeo.

Como a invasão da libido foi filmada em área pública, numa praia da Espanha, a ação acabou julgada improcedente, e o casal agora terá de pagar, além das custas, também os honorários dos advogados dos réus – YouTube, iG e Globo. Isso não significa que a exibição do vídeo já esteja juridicamente liberada, mas, na prática, o surgimento de uma terceira onda é inevitável, mesmo que seja uma pequena marola, suficiente para agitar um pouco a blogosfera, que anda muito flat.

domingo

Curiosidades semânticas

Não, vcoê não etsá bbêdao. Nem é cpula do dcoe de mgana com igtoure que cmeou de sbomreesa dpeios de rpteeir três vzees a fijedoaa cmolptea do bcoeto da eqnsuia. E não, seu cptodmouar não pgoeu nemnhua vsiroe por csaua dos e-mlais ceiohs de esóratis ençraadags que auelqe seu agmio, fucánionrio pliúcbo, não praa de evniar da reçarptião. Etse é anpeas um ttxeo um ttnao qtunao ecspaeil.

De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra a odrem plea qaul etãso as lrteas de uma plravaa, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e a útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma ttaol cofnsuão que vcoe pdoe anida ler sem gnderas problmeas. Itso aconcete poqrue nós nao lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.

Ví no Querido Leitor que apenas 55% das pessoas conseguem ler tudo.

Compreender bem o real
significado das palavras é muito importante.
Em Chicago, uma mulher que havia recentemente mudado de Oklahoma, ao levar o gato para aparar o pelo, pediu, com sotaque sulista, um Line Cut. O funcionário da Pet Shop entendeu Lion Cut e o resultado da confusão semântica acabou deixando o gato, como se pode ver, não muito satisfeito.

Clique nas imagens para saber os detalhes (em inglês, of course).











REBELDE - Não deixe de ouvir este grupo !


sábado

Expectativa para ver as jóias da CIA

Finalmente a CIA, uma das organizações mais atuantes do planeta, vai revelar parte de suas nefastas atividades entre as décadas de 50 e 70. Graças à pressão de jornalistas, acadêmicos e entidades de direitos civis, a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos terá que apresentar o material conhecido como "jóias da família”, escancarando seu sinistro envolvimento nos mais diversos tipos de ação criminosa.

Os descalabros da CIA por toda parte do mundo já são apontados há bastante tempo, mas os delatores eram sistematicamente acusados de denuncistas esquizofrênicos, para usar um termo colocado em voga. De fato, existe muita gente paranóica, que vê conspiração em tudo, como há muitas pessoas obtusamente céticas, que preferem não enxergar conspiração em nada.

Além de planejar o assassinato de líderes políticos não alinhados, como Fidel, Lumumba e Trujillo, a CIA também promoveu experimentos com drogas em seres humanos não voluntários, como vão mostrar os arquivos retirados da classificação Top-Secret.

Certamente, a águia pousada na logomarca da CIA continua com as garras bem afiadas, embora tenha sido suplantada pela NSA (que de tão secreta ganhou o apelido de No Such Agency - Inexiste Tal Agência) e outras organizações ainda mais truculentas e sigilosas. Mas isso é pura Teoria da Conspiração.

No Brasil, é um escândalo encobrindo outro


A culpa é do espetáculo do crescimento

Depois de nove meses de uma incauta e temerária gestação do caos aéreo, a crise se agravou. O Planalto, desgovernado como uma aeronave nos céus do Brasil, transmite sinais tão desencontrados quanto um aparelho de monitoramento de vôo defeituoso. Primeiro a Ministra do Turismo, Marta Suplicy, aconselha um extemporâneo “relaxa e goza” aos passageiros da agonia, depois o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, vem dizer que o problema é "fruto da prosperidade do país", agora o Comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, ao invés de indicar a desmilitarização do setor, como parecia já estar decidido, anuncia justamente o contrário.

Em seu pronunciamento oficial, o Brigadeiro Saito decreta o “afastamento imediato das lideranças negativas que atuavam no CINDACTA I” e aponta uma maior militarização do sistema como a saída do imbróglio. Para demonstrar pulso firme na queda-de-braço com os controladores de vôo, o governo resolveu lançar à prisão uma dessas "lideranças negativas", por conta de uma entrevista concedida à rádio CBN, trazendo à tona métodos típicos do período de exceção.

Com o descontrole das aeronaves, das autoridades e do autoritarismo, nossa imagem lá fora, às vésperas dos Jogos Pan-americanos, só não está mais arranhada porque todos sabem que este arremedo de democracia chamado Brasil não é um país sério. Ou então a culpa é mesmo do espetáculo do crescimento, nesse circo de domadores e palhaços, onde o avanço da roubalheira é gigante e o do PIB é anão.

sexta-feira

Ônibus espacial faz aterrissagem tranqüila

Atlantis pousa com segurança após vários problemas no espaço

segunda-feira

A origem do mar de lama

Parece que a expressão mar de lama foi empregada pela primeira vez por Carlos Lacerda, num de seus ferozes e constantes ataques ao governo de Getúlio Vargas. Habilidoso golpista e brilhante inventor de frases de efeito, Lacerda teria lançado mão da alegoria na expectativa de que a linguagem exageradamente figurada, causasse impacto profundo no imaginário popular. Para derrubar o velho caudilho não bastaria evocar uma poça de lama, nem mesmo um lago, mas todo um lodacento oceano.
Na contundente Carta Testamento que deixou ao suicidar-se, Getúlio usa uma metáfora ornitológica para indicar o nome de seu carrasco: “Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.”
Conhecido como Corvo, graças ao retumbante sucesso de uma caricatura perpetrada pelo cartunista Lan, Lacerda não tem o nome citado em qualquer parágrafo da célebre carta. Nem precisava.
Depois de um curto exílio voluntário, o Corvo continuou a tramar e a derrubar presidentes, repetindo mil vezes o seu enxovalhado mar de lama.
Hoje também há moralistas demais e moral de menos. É preciso estar muito atento com o canto das aves de mau agouro.

domingo

Fisiologismo e corrupção

Como diz Jefferson Peres, a política brasileira é corrupta desde sempre, “desde antes da República, desde os tempos coloniais.” Segundo o Senador, o responsável principal pela corrupção no Brasil não são as empreiteiras, mas o fisiologismo do aparelho estatal. Engulhado pelo atual panorama, em avançado estado de decomposição, o honorável combatente de 75 anos, uma das últimas reservas morais do Congresso, já anunciou seu afastamento da vida política ao fim de seu mandato, em 2011.

Deus o livre de, um dia, ter a efígie estampada numa cédula, à guisa de homenagem, como fizeram com Rui Barbosa, autor do célebre bordão “Ou nos locupletamos todos, ou instaure-se a moralidade”. Rui, que também de "coração enjoado da política", aos 73 anos renunciou à cadeira de Senador, não merecia ter virado moeda de troca, e acabar forrando os bolsos de corruptos e corruptores.