quinta-feira

A guerra do tráfico e o tráfico da guerra

Fotografia de Fabio Motta/AE
Pelo menos 19 pessoas, suspeitas de serem traficantes de drogas, foram sumariamente julgadas, condenadas e executadas na mega-operação “cirúrgica”, que envolveu mais de mil policiais no Rio. Se eram ou não "bandidos", se representavam ou não um real perigo à sociedade, jamais saberemos. Como diz a conhecida frase do senador norte-americano Hiram Jonhson: “Quando começa a guerra, a primeira vítima é a verdade.”

Ou, como diz o premiado jornalista australiano Phillip Knightley, também a respeito da guerra: “Para conquistar a opinião pública pela mídia, os governos e seus marqueteiros seguem ... um padrão, deprimentemente previsível.” No primeiro estágio, fazem a guerra parecer ‘inevitável’. No segundo, “demonizam o líder inimigo”. Na terceira etapa, "estendem esse processo aos inimigos como indivíduos” e no quarto estágio, divulgam “relatos de atrocidades.”

Nesta nossa guerra santa contra o tráfico de drogas, embora a mídia não esteja submetida a uma censura direta, repete em uníssono a mesma ladainha. A guerra é inevitável, a droga é um demônio, os traficantes são diabólicos, os crimes são hediondos. Claro que na espiral caótica em que vamos girando, tudo isso parece a mais absoluta verdade. Mas não é a verdade absoluta.
Por trás da violência, há muito mais do que imagina nossa vã filosofia. Há uma indústria absurda e milionária, que lucra com a segurança privada, enriquece com a blindagem de automóveis e faz fortuna traficando guerra sob o império do terror.

Um comentário:

Celso Messias Correia disse...

Muito tem se falado da violência do Rio, muitas críticas tem sido feitas a cidade, agora o que muita gente esquece ou não quer admitir é que a violência urbana está presente nas grandes cidades brasileiras, será que violência, drogas, tráfico, comunidades em conflito só existem no Rio? Ou é falta de informação ou uma tendência em esconder e omitir os fatos que também acontecem em suas cidade, lembrem-se, quem tem telhado de vidro não pode jogar pedras no vizinho.