quarta-feira

Vegetarianismo e aquecimento global


Quando Paul McCartney diz que o vegetarianismo pode ser solução contra o aquecimento do planeta, talvez consiga colocar sobre a mesa uma discussão mais calorosa que o próprio efeito estufa. Parte da mídia vai ridicularizar a idéia, acusar a proposta de modificar os hábitos alimentares de simplista e enumerar uma série de dificuldades para substituir a carne pelos vegetais. Outra parte vai estampar estatísticas, gráficos e relatórios cobertos de números para provar que a criação de animais em larga escala afeta o ambiente de maneira praticamente imperceptível e que a fome continua a assolar uma boa cifra da humanidade.

De fato, quase 40 mil crianças morrem a cada dia no mundo em decorrência da desnutrição e da fome. É como se toda a população do estado do Rio de Janeiro fosse exterminada no espaço de um ano em função da escassez de alimentos. O grande paradoxo, no entanto, é que não há escassez de alimento na Terra, e sim excesso. Para enxugar o excedente e acumular capital, os economistas (são eles que gerenciam a agricultura e não os engenheiros agrônomos) tiveram a brilhante idéia de reestruturar a atividade agrícola e montar uma poderosa indústria alimentícia predominantemente voltada para a produção de carne.

Depois de provar que a ração animal dava mais lucro, inventaram a pecuária intensiva, o aprimoramento genético, o uso de hormônios e o confinamento. O gado se alastrou feito erva daninha, derrubando florestas. Hoje, para produzir um único quilo de carne, é necessário cerca de sete quilos de grãos, entre os quais a soja, e a quantidade de terra destinada ao plantio de alimento para o gado é infinitamente maior que a utilizada na lavoura de frutas e vegetais para consumo humano.

Quando Paul McCartney diz que "a criação de vacas, bois e porcos é um dos principais destruidores do planeta", não está fazendo retórica, mas um alerta, com genuíno conhecimento da causa. Na Inglaterra, os vegetarianos ganham descontos no seguro de vida, todas as escolas oferecem a opção de refeições vegetarianas e a instituição, desde 1992, de uma Semana Nacional Vegetariana tem feito enorme sucesso.

Estimuladas a experimentar o novo estilo de vida por pelo uma semana, os britânicos costumam citar três motivos principais para modificar o cardápio. Em primeiro lugar, pelo sofrimento imposto aos animais. Depois vem a preocupação com a saúde e também com os danos causados ao ambiente.

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