domingo

Abertura do PAN foi um espetáculo emocionante



A abertura dos XV Jogos Pan-americanos, vai ficar marcada na história pela magnitude do espetáculo e pela descontração do público. Tendo como palco o Estádio do Maracanã, a cerimônia coordenada pela artista plástica, figurinista, cenógrafa e carnavalesca Rosa Magalhães e pelo cenógrafo e design Luiz Stein, com a colaboração de cerca de 4500 artistas voluntários, transformou-se numa festa emocionante e inesquecível.

Longe do lugar-comum, a cultura brasileira foi apresentada de maneira magistral, com a participação constante e bem-humorada dos espectadores, como não poderia deixar de ser, em se tratando de um evento festivo no Rio de Janeiro, cidade maravilhosa tanto por seus encantos naturais quanto pelo alto astral de seu povo, que ultimamente parecia abalado e perdido.
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Os 25 coreógrafos convidados, entre os quais diversos expoentes, como Deborah Colker, Renato Vieira e Lola Gabriel, produziram momentos de grande beleza e força de expressão, capazes de arrebatar não apenas as milhares de pessoas presentes no Maracanã, mas também os milhões de telespectadores, conectados à transmissão pela TV.

Da eletrizante interpretação do Hino Nacional, cantado "à capela" por Elza Soares, acompanhada por um empolgado coral de mais de noventa mil vozes, ao apoteótico acendimento da Pira, uma inusitada esfera solar de seis metros de diâmetro, pelo atleta Joaquim Cruz, a cerimônia correu perfeita, até mesmo pelos seus desacertos.

A trilha sonora, sob a direção de Alê Siqueira, fez uma grande viagem pela música brasileira, a começar pela entrada do solista Kainã do Jeje, de 12 anos, tocando rum, instrumento típico do candomblé, logo acompanhado por 1.750 percussionistas de 17 escolas de samba do Rio. Nem o uso do play-back, por causa da acústica do estádio, tirou o brilho da execução ou a receptividade do público, que delirou com a mistura de samba, bossa-nova, chorinho, maracatu, ópera e música clássica.

Após o desfile das delegações, a energia do povo foi mostrada através do Sol, das Águas e do Homem, com uma apresentação impecável da Orquestra Sinfônica Brasileira, regida pelo maestro Roberto Minczuk, que executou uma espécie de fantasia, composta por André Mehmari, citando obras de Tom Jobim, Chico Buarque e Heitor Villa-Lobos, verdadeiros orgulhos nacionais.

Um dos segmentos musicais mais emocionantes, contou com Adriana Calcanhoto, sentada numa cadeira gigantesca, cantando a clássica "Acalanto" de Dorival Caymmi, enquanto diversas figuras fantásticas do nosso folclore, como a Bernúncia, a Carranca, o Cazumbá, e o Boi da Cara Preta, adentravam o palco e o imaginário de todos. Simplesmente imperdível.

Ah, sim ! O público vaiou o presidente e quebrou o protocolo sem a menor cerimônia. Dizem que, por conta disso, o Rio talvez até perca a chance de sediar uma Olimpíada e uma Copa do Mundo, e, (in)conseqüentemente, muito dinheiro. Mas parece que a cidade estava precisando lavar a alma. E isso não tem preço.

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